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A população brasileira já se acostumou às recomendações para que os homens, à partir de determinada idade, façam “exame de próstata”. O objetivo dessa prática é a detecção precoce do câncer de próstata, visto que, em fases iniciais, a doença pode ser curada. O exame digital da próstata, conhecido como “exame do toque”, é utilizado junto da dosagem do PSA para a vigilância da condição, sendo este último exame o pilar dessa prática e responsável por mudar a história do câncer de próstata à partir dos anos 90, quando foi introduzido, conseguindo a redução de aproximadamente 50% na sua mortalidade. O que poucos sabem é que, no ano de 2012, foram publicados dados de um estudo norte-americano que questiona os benefícios da vigilância do câncer de próstata. Segundo o estudo, esta prática não reduzia a mortalidade da doença e aumentava o número de pacientes tratados desnecessariamente, visto que em alguns casos, a neoplasia da próstata não evolui mesmo se não tratada. Este suposto tratamento desnecessário aumentaria as consequências do tratamento da doença, que podem não ser poucas, como incontinência urinária e disfunção erétil. Assim, nos Estados Unidos foi estabelecido a recomendação de não se realizar essa vigilância. Imediatamente, órgãos oficiais brasileiros seguiram a recomendação, incluindo o Instituto Nacional do Câncer e o Ministério da Saúde. Infelizmente, no nosso país, quase não é produzida informação e nós importamos os dados científicos de outros países. Até aí, nada de errado. O problema é não fazer a análise crítica dos dados “importados” e leva-los como verdade absoluta. O estudo americano já apresentava, de início, erros metodológicos muito graves que deveriam ter impedido as autoridades de usarem aqueles dados como verdade. Logo após a instituição da recomendação de não se fazer vigilância no câncer prostático, outros pesquisadores norte-americanos iniciaram a coleta dos dados epidemiológicos e verificaram o aumento do número de casos de doença já avançadas e com metástases (incurável). Obviamente, é de se imaginar que não vigiar o câncer de próstata leva a menos diagnósticos e menos pacientes tratados desnecessariamente, mas também pode tirar a chance de cura de um número muito grande de homens com doenças agressivas, que poderiam ser curadas se diagnosticadas precocemente. Estima-se que o número de casos de doença já com metástases pode aumentar 200% se a vigilância for abandonada. O Instituto Nacional do Câncer voltou a reconhecer a vigilância do câncer de próstata como algo benéfico. Atualmente, recomenda-se a vigilância para muitos homens, levando-se em consideração a idade, o desejo pessoal e a história familiar. Sendo assim, converse com seu Urologista sobre essa importante prática de cuidado à saúde masculina.